-

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Aula Antigamente

Vou descrever abaixo texto sobre uma entrevista a uma colega de trabalho que me perguntou sobre
Como era uma aula antigamente?
<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>


Olá!
            Vou fazer um breve relato de como eram as aulas e como via o trabalho da escola no meu tempo de estudante na E.E. “Professor Fábregas”, cidade de Luminárias, Minas Gerais.
            Bem, as aulas de maneira geral eram ministradas no método tradicional, em que o professor expunha o conteúdo e os alunos tinham aquilo como verdades imutáveis. A escola, era tida como o centro do saber e o professor, o detentor do conhecimento e profetizador das verdades contidas nos diversos campos do conhecimento. Os alunos deveriam ter uma postura obediente, pois, tudo que eles fizessem e que não estava dentro das normas era tido como ato de rebeldia e muitas vezes recebia punição por isso.
            Quando afirmo que o método era tradicional, não estou afirmando que era ruim ou bom, era como as escolas, de uma maneira geral, trabalhavam. A escola só funcionava no período noturno e os alunos, na sua maioria, trabalhavam o dia inteiro; hora para ajudar os pais no sustento da casa, hora por conta própria para ter um dinheirinho para suas despesas pessoais, e estudavam à noite. Era muito cansativo, após um dia inteiro de trabalho, enfrentar quatro horas e meia de ensinamentos.
            Naquela época era exigido que o aluno portasse da carteirinha escolar, que registrava a presença ou falta às aulas, as notas das matérias e advertências dos mestres, caso houvesse transgressão das regras. O uniforme também era obrigatório e todos assistiam às aulas devidamente uniformizados, inclusive nas aulas de Educação Física, com uniforme típico. Tínhamos que portar os livros exigidos pelos professores, caderno de anotações, material de desenho geométrico, entre outros utensílios exigidos. Todo o material escolar e uniforme era adquirido por nossos pais, inclusive os livros eram adquiridos de colegas de séries subsequentes, ou novos da caixa escolar que parcelava o pagamento quando os pais tinham muitos filhos, como era o caso dos meus. Como não havia merenda na escola, o diretor liberava os alunos para fazer lanche fora da escola, íamos até nossas residências e na maioria das vezes jantávamos. Naquela época os alunos contribuíam com uma certa quantia, em dinheiro, para que o diretor pudesse fazer manutenção de equipamentos e comprar material para aplicação das provas, que por sinal cheiravam a álcool pois era rodada no mimeógrafo.
            Vou comentar sobre as aulas, mais especificamente, pois cada matéria tinha uma especificidade diferente. As aulas de Português eram centradas na gramática; conjugação verbal, uso dos pronomes, artigo, objeto direto e indireto, sujeito e predicado, não era exigido a leitura extraclasse de livros de literatura, o pouco que víamos eram trechos de livros que vinham nos livros didáticos, a professora cobrava leitura oral. Nas aulas de Geografia e História era exigido muita decoreba, tínhamos que decorar longos questionários que eram cobrados nas provas. Nas aulas de Ciências, muitas explicações e pouco diálogo, às vezes o professor passava algum trabalho e como a biblioteca da escola era pequena tínhamos que pesquisar na biblioteca da Prefeitura, onde havia  um acervo maior. As aulas de Matemática centravam na resolução de exercícios da própria matéria e pouquíssimas aplicações do dia a dia eram apresentadas, o currículo dessa matéria não contemplava certos tópicos que é explorado atualmente, os alunos tinham muitas dificuldades em aprender Matemática e o índice de reprovação nessa matéria era alto. As aulas de Educação Física eram ministradas na quadra do LAR, fora do recinto da escola em turno diferente das aulas (eram de manhã), fazíamos muitos exercícios físicos e praticávamos futebol de salão e às vezes futebol de campo, para comprar as bolas de futebol nós fazíamos “vaquinha”, pasmem! As aulas de Ensino Religioso eram muito ligadas à Religião Católica.
            Sobre a prática dos professores, a maioria deles eram muito dedicados e preparavam muito bem suas aulas, nós tínhamos muito orgulho deles e respeitávamos sua pessoa, como ser humano e como educador. Como éramos de uma cidade muito pacata, ir para a escola era uma prática interessante, pois além de apreender os conteúdos, convivíamos com pessoas que tinham conhecimento do mundo lá fora e sempre passava isso pra nós. Os professores eram exigentes e rigorosos, pois eram cobrados; alunos despreparados não eram aprovados, alguns colegas tomavam várias bombas e, os pais apoiavam a escola, raramente alguém vinha reclamar da escola ou do professor, só se fosse um caso grave.
            Passar de ano, dito quando aprovado, era comemorado e elevava a autoestima, porém alunos reprovados eram tidos como “burros”.
            Um fato interessante que acontecia nas aulas era quando a professora pedia ao aluno para ler em voz alta determinado parágrafo do livro, se alguma palavra era dita errada, os colegas riam e às vezes criticavam. Nem por isso o leitor ficava com raiva e talvez servia para que ficasse mais atento à leitura e melhorasse a dicção.
            De maneira geral os ensinamentos dados eram mais focados no conteúdo e não tinha distrações. O aluno saia da escola sabendo bem aquilo que era trabalhado nas aulas. Não havia projetos interdisciplinares que possibilitasse a integração dos conteúdos. Dois eventos eram marcantes na comunidade, o desfile de 7 de setembro e a formatura no final do ano, inclusive na formatura havia confraternização entre o pessoal da escola, alunos e familiares.
            Bem, vou parando por aqui, talvez tenha esquecido algum detalhe por falha na memória, mas a prática era assim como relatei.

Um Abraço!

Prof. Aron.

Nenhum comentário:

Postar um comentário