Como era uma aula antigamente?
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Olá!
Vou fazer um breve relato de como
eram as aulas e como via o trabalho da escola no meu tempo de estudante na E.E.
“Professor Fábregas”, cidade de Luminárias, Minas Gerais.
Bem, as aulas de maneira geral eram
ministradas no método tradicional, em que o professor expunha o conteúdo e os
alunos tinham aquilo como verdades imutáveis. A escola, era tida como o centro
do saber e o professor, o detentor do conhecimento e profetizador das verdades
contidas nos diversos campos do conhecimento. Os alunos deveriam ter uma
postura obediente, pois, tudo que eles fizessem e que não estava dentro das
normas era tido como ato de rebeldia e muitas vezes recebia punição por isso.
Quando afirmo que o método era
tradicional, não estou afirmando que era ruim ou bom, era como as escolas, de
uma maneira geral, trabalhavam. A escola só funcionava no período noturno e os
alunos, na sua maioria, trabalhavam o dia inteiro; hora para ajudar os pais no
sustento da casa, hora por conta própria para ter um dinheirinho para suas
despesas pessoais, e estudavam à noite. Era muito cansativo, após um dia
inteiro de trabalho, enfrentar quatro horas e meia de ensinamentos.
Naquela época era exigido que o
aluno portasse da carteirinha escolar, que registrava a presença ou falta às
aulas, as notas das matérias e advertências dos mestres, caso houvesse
transgressão das regras. O uniforme também era obrigatório e todos assistiam às
aulas devidamente uniformizados, inclusive nas aulas de Educação Física, com
uniforme típico. Tínhamos que portar os livros exigidos pelos professores,
caderno de anotações, material de desenho geométrico, entre outros utensílios
exigidos. Todo o material escolar e uniforme era adquirido por nossos pais,
inclusive os livros eram adquiridos de colegas de séries subsequentes, ou novos
da caixa escolar que parcelava o pagamento quando os pais tinham muitos filhos,
como era o caso dos meus. Como não havia merenda na escola, o diretor liberava
os alunos para fazer lanche fora da escola, íamos até nossas residências e na
maioria das vezes jantávamos. Naquela época os alunos contribuíam com uma certa
quantia, em dinheiro, para que o diretor pudesse fazer manutenção de
equipamentos e comprar material para aplicação das provas, que por sinal
cheiravam a álcool pois era rodada no mimeógrafo.
Vou comentar sobre as aulas, mais especificamente,
pois cada matéria tinha uma especificidade diferente. As aulas de Português
eram centradas na gramática; conjugação verbal, uso dos pronomes, artigo,
objeto direto e indireto, sujeito e predicado, não era exigido a leitura extraclasse
de livros de literatura, o pouco que víamos eram trechos de livros que vinham
nos livros didáticos, a professora cobrava leitura oral. Nas aulas de Geografia
e História era exigido muita decoreba, tínhamos que decorar longos
questionários que eram cobrados nas provas. Nas aulas de Ciências, muitas
explicações e pouco diálogo, às vezes o professor passava algum trabalho e como
a biblioteca da escola era pequena tínhamos que pesquisar na biblioteca da
Prefeitura, onde havia um acervo maior.
As aulas de Matemática centravam na resolução de exercícios da própria matéria
e pouquíssimas aplicações do dia a dia eram apresentadas, o currículo dessa
matéria não contemplava certos tópicos que é explorado atualmente, os alunos
tinham muitas dificuldades em aprender Matemática e o índice de reprovação
nessa matéria era alto. As aulas de Educação Física eram ministradas na quadra
do LAR, fora do recinto da escola em turno diferente das aulas (eram de manhã),
fazíamos muitos exercícios físicos e praticávamos futebol de salão e às vezes
futebol de campo, para comprar as bolas de futebol nós fazíamos “vaquinha”,
pasmem! As aulas de Ensino Religioso eram muito ligadas à Religião Católica.
Sobre a prática dos professores, a
maioria deles eram muito dedicados e preparavam muito bem suas aulas, nós tínhamos
muito orgulho deles e respeitávamos sua pessoa, como ser humano e como
educador. Como éramos de uma cidade muito pacata, ir para a escola era uma
prática interessante, pois além de apreender os conteúdos, convivíamos com
pessoas que tinham conhecimento do mundo lá fora e sempre passava isso pra nós.
Os professores eram exigentes e rigorosos, pois eram cobrados; alunos
despreparados não eram aprovados, alguns colegas tomavam várias bombas e, os
pais apoiavam a escola, raramente alguém vinha reclamar da escola ou do
professor, só se fosse um caso grave.
Passar de ano, dito quando aprovado,
era comemorado e elevava a autoestima, porém alunos reprovados eram tidos como
“burros”.
Um fato interessante que acontecia
nas aulas era quando a professora pedia ao aluno para ler em voz alta
determinado parágrafo do livro, se alguma palavra era dita errada, os colegas
riam e às vezes criticavam. Nem por isso o leitor ficava com raiva e talvez
servia para que ficasse mais atento à leitura e melhorasse a dicção.
De maneira geral os ensinamentos
dados eram mais focados no conteúdo e não tinha distrações. O aluno saia da
escola sabendo bem aquilo que era trabalhado nas aulas. Não havia projetos
interdisciplinares que possibilitasse a integração dos conteúdos. Dois eventos
eram marcantes na comunidade, o desfile de 7 de setembro e a formatura no final
do ano, inclusive na formatura havia confraternização entre o pessoal da
escola, alunos e familiares.
Bem, vou parando por aqui, talvez
tenha esquecido algum detalhe por falha na memória, mas a prática era assim
como relatei.
Um Abraço!
Prof. Aron.
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